A Plataforma Ferroviária Portuguesa organizou
nos dias 2 e 3 de fevereiro de 2021 a Portuguese Railway Summit 2021 com
enfoque para o setor ferroviário no país e para os investimentos da próxima
década. Atendendo à importância da ferrovia no Douro e Trás os Montes, a
Associação Vale d’Ouro fez-se representar num evento que assinala também o Ano
Europeu da Ferrovia.
Esta iniciativa contou com especialistas de
toda a Europa e, em particular, com as empresas do setor nacional. Da parte da
CP-Comboios de Portugal, o Presidente, Eng. Nuno Freitas, não esqueceu a região
e referiu-se ao investimento de recuperação das carruagens Schindler que agora
compõem os comboios inter-regionais no Douro e permitiu estabilizar a oferta
com os resultados de procura excecionais, mesmo em tempo de pandemia.
Já por parte da Infraestruturas de Portugal,
na apresentação realizada pelo seu Presidente, Eng. António Laranjo, apenas
foram mencionados os investimentos na sua globalidade não sendo possível
identificar se a eletrificação do trecho Régua-Pocinho, a reabertura
internacional da Linha do Douro ou mesmo a linha do Vale do Sousa, na orla da
área metropolitana do Porto se encontram considerados.
No discurso de encerramento, o ministro Pedro
Nuno Santos, por sua vez, não esqueceu o Douro e lançou as diretrizes para o
investimento ferroviário. Além de mencionar o crescimento da procura na Linha
do Douro, fruto da reconversão das carruagens Schindler e revitalização do
serviço Interregional na região, definiu que toda a rede deverá ser modernizada
e eletrificada até 2030. Identificou ainda que pretende ouvir as pessoas no
território e pôr todo o país a falar de ferrovia durante o próximo ano enquanto
se discute o Plano Nacional Ferroviário.
Luís Almeida, Presidente da Direção e que
representou a associação no evento não deixou de reparar que a CP e o Governo
tem planos para a região mas que a gestora da infraestruturas, a IP, não parece
estar alinhada com as diretrizes: “a intervenção do Sr. Ministro foi clara, a
rede é para ser toda modernizada e requalificada, então perguntam as gentes do
Douro e Trás-os-Montes porque não foi ainda lançada a obra Marco-Régua e porque
não há qualquer indicação sobre os prazos para a Régua-Pocinho”. No conjunto
dos investimentos lamenta: “é preciso pensar a ferrovia em Trás-os-Montes e no
Douro, não podemos continuar a ignorar a importância estratégia da Linha do
Douro entre Leixões e o mercado ibérico ou olhar para as cidades da região que
precisam ser ligadas” mas acrescenta “a tutela disse que queria ouvir os
português e realmente o que falta é seriamente olhar para o território e ver
como e onde podemos e devemos fazer investimento”.
A Associação Vale d’Ouro está a preparar para
os próximos meses uma iniciativa para assinalar o Ano Europeu da Ferrovia, uma
temática que considera pertinente no vale do Douro e que urge ser discutida.